sábado, 11 de junho de 2016

BANDEIRANTES x CASA DA PONTE

Antiga Praça Armindo Azevedo

Na área que estende o leste do Rio São Francisco, abrangendo a serra de Monte Alto, Rio de Contas, Gaviões e Conquista, com centro principal em Caetité, devido a plantação de algodão e a uma criação enorme de gados, o Bandeirante João Gonçalves da Costa, contando com o auxílio dos demais membros de sua bandeira, bem como, a participação de escravos negros e os índios submetidos ao jugo colonizador; transformou-se em grande proprietário de terras, criador de gado, cultivador de algodão, aproveitando as riquezas que tinha na região, além disso foi, o responsável pela conquista do Arraial dos Poções no Sertão da Ressaca.
“O bandeirante aparece, por muito tempo, na historiografia tradicional brasileira como um grande herói, desbravador e conquistador dos perigosos sertões. É a epopéia dos bandeirantes, homens fortes, corajosos, que dedicavam sua vida ao aventureirismo, a serviço de sua majestade.” (NOVAIS, Idelma. p.4, 1992).

No início do século XIX, a cultura algodoeira e a pecuária, formavam as principais atividades econômicas do Arraial da Conquista, ou Império Vila da Vitória, atual Vitória da Conquista contribuindo para interesse financeiro dos bandeirantes.

 “A interação dessas atividades: pecuária bovina, cultura do algodoeira, além, da agricultura de subsistência vão se constituir em elementos essenciais, propulsores da dinâmica interna da produção econômica da região, possibilitando a fixação dos bandeirantes no Arraial dos Poções e fazendas circunvizinhas, contribuindo significativamente para a criação dos primeiros núcleos habitacionais, expandindo-se; e, posteriormente, dando origem às diversas cidades que compõem grande parte do que é conhecido atualmente, como região Sudoeste da Bahia.”( NOVAIS, Idelma p.12, 1992)

Percebe se que o destaque do cultivo de algodão, a pecuária na região, a plantação de milho e feijão, com pequenas monoculturas de cana, arroz e mandioca, constitui-se fonte de interesse dos bandeirantes, fixando nesta localidade, além do crescimento econômico e expansão das regiões do Sudoeste da Bahia.

No alto sertão da Bahia, no final do século XVII, ouve investigação sobre as origens das terras de Antônio Guedes de Brito, o fundador da casa de ponte. O alto Sertão da Bahia abrange o território banhado pelos rios Verde Grande e São Francisco, onde estende a Serra geral, os sub-vales das Rãs, Santana, Santa Rita, Santo Onofre, Paramirim, da bacia São Franciscana; e São João, do Antônio, Gavião, Brumado, tributários do rio de Contas.

Para o estudo de organização social, estrutura fundiárias e econômicas, existiam inventários e testamento que ofereciam informações necessárias para isso. Foi listrada por ordem alfabética os mil, seiscentos e oitenta autos de inventários dos termos da Vila Nova do Príncipe e Santa Ana de Caetité, Santo Antônio da Barra, Bom Jesus dos Meiras e Boa Viagem e Almas, entre 1801-1887, englobando atualmente 22 municípios, disponíveis no Arquivo Público do Estado da Bahia.
“Fazendo valer seu direito de propriedade, a Casa da Ponte, no final do século XVIII e início do XIX, legalizou todas as terras, exploradas ou não, com arredamentos e vendas facilitadas com pagamentos parcelados. Quando se promoveu o primeiro senso fundiário brasileiro, determinado pelo decreto que regulamentou a Lei das Terras de 1850, nada mais havia das vastidões fundiárias dos Guedes de Brito, transferidas para a casa nobiliárquica portuguesa, que tudo comercializara, restando delas apenas narrativas fantásticas, produzidas pelo imaginário popular. ” (NEVES, Erivaldo. p.109, 2003)

O Alto Sertão da Bahia, que foi conquistado pelos povos indígenas, mas que foi ocupado por Antônio Guedes de Brito, na segunda metade do século XVII, manteve uma cadeia sucessória: transferindo as terras para sua filha Isabel Maria Guedes de Brito, depois para a neta Joana, em seguida depois de viúva de João Mascarenhas, casou com Manuel da Saldanha da Gama, que depois de viúvo, e não tendo filhos, casou –se novamente, em Portugal, em que teve um filho chamado João de Saldanha da Gama Melo Torres Guedes Brito, que além de ter as heranças paternas e maternas, herdou do seu tio sem descendentes, a titularidade de conde da Ponte.
“Esse vasto loteamento, iniciado pelas herdeiras de Guedes de Brito e concluída pela Casa da Ponte, delineou a estrutura fundiária do Alto Sertão da Bahia, no século XIX, caracterizado pelo grande número de pequenas e médias unidades agrárias, entremeadas por menor número de grandes domínios, estrutura que permaneceu, iniciando-se o século XXI com a mesma feição, embora reduzissem as áreas dos latifúndios, que ficaram descontínuos, sendo os grandes proprietários senhores de várias glebas distantes umas das outras. Se por um lado a sucessão hereditária parcelou a terra, multiplicando os titulares, por outro, através da comercialização, concentrou-se a propriedade, embora predominando as unidades menores, trabalhadas pelos próprios donos e suas famílias. Nas maiores áreas, ao lado da mesma agricultura, com a persistência da meação, manteve-se a pecuária, já não mais extensiva, com os proprietários vivendo nas cidades.” NEVES, Erivaldo. 2003 p.197)

Os herdeiros dos Guedes de Brito, junto a Casa da Ponte, devem sua importância econômica e histórica do sertão da Bahia, incluindo na cidade de Caetité, Brumado, e cidades vizinhas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
  • NOVAIS, Idelma Aparecida Ferreira. Tropas e Tropeiros no Sertão da Bahia, UESB, Vitória da Conquista, 2002 (Artigo), P. 16 - 24. Origens do Povoamento de Feira de Santana: um estudo de história colonial. Salvador: UFBA; 1992, (Dissertação de Mestrado).
  • NEVES, Erivaldo Fagundes. Posseiros, Rendeiros e Proprietários: estrutura fundiária e dinâmica agro-mercantil no Alto Sertão da Bahia. Recife, UFPE, 2003, (Tese de Pós-Graduação em História).


2 comentários:

  1. Compreender os diversos povos que contribuíram para o desenvolvimento de Brumado, a importância que o negro o Índio tiveram, mesmo sendo em situação desfavorável, não deixemos de sempre lembrarmos de sua participação nessas histórias, parabéns.

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  2. Nunca pensei que no sertão baiano a produção algodoeira era possível pela questão de ter um clima ao meu ver hoje não tao favorável, mas equívoco meu, pelo que você traz na sua pesquisa forte e grande propulsor da economia baiana.

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